terça-feira, outubro 04, 2005

Valores de família

Ir à bola não é só ver futebol, é bem mais que isso. Ir à bola é entrar em contacto com pequenos mundos de criaturas que mais parecem ter invadido o nosso planeta vindos de um outro sítio qualquer.

Desta vez fiquei junto a uma família de gente simples, gente boa. A constituição era a seguinte, do lado esquerdo e com cerca de 5,6 anos o filho, de seguida a mãe.(na casa dos quarentas), depois a filha, um pouco mais velha que o irmão e na ponta direita, o pai(nos quarentas também e completamente sóbrio, este pormenor mais à frente será importante).

Assim que vi isto tremi, pois fui ao estádio com um amigo e com bipol. Logo que nos sentámos pensei, "isto hoje não vai correr bem, se não me controlo ainda levo um raspanete destas pessoas por estar a dizer tantas asneiras perto de uma família. É que quando um gajo vai à bola, um gajo passa por um momento de catarse único e que serve para nós deitarmos cá para fora as cerca de 23 mil 715 asneiras e os 32 mil 824 insultos gratuitos que infelizmente não pudemos dizer durante a semana por causa das regras, do bom senso e da boa educação.boa educação o fod*-**! No futebol há paixão irracional e raiva desmedida, boa educação é para a médicos ou gandins do género.

Temi o pior. Depois...bem depois fui completamente esmagado por um quadro tão genial quanto português. É que os pais desta família não eram do tipo de fugir às suas responsabilidades. Para quê deixar para a escola, para as ruas a educação que eles próprios podem dar? Infelizmente já não há muitos pais que pensem assim.

Tudo começou com uma falta mal assinalada a Ricardo Rocha, após uma tesoura perfeita na bola!!!!foi na bola!!!boi preto!!gatuno!!ok, calma.
Nesta altura o pai, mostrou como se deve estar no futebol, espicaçado pela claque da equipa "rival" que gritavam "gui-mar-ães, gui-ma-rães", dirigiu-se a esses mesmo individuos da seguinte maneira, numa coreografia engraçada, mantendo-se sentado, e de forma clara para não deixar qualquer dúvida à filha e ao filho sobre como depois fazer a mesma coisa, baixava o braço direito enquanto subia o esquerdo e vice-versa, sendo que todos os dedos de ambas as mãos estavam recolhidos com excepção do dedo grande em ambas as mãos também, estes estavam esticados o mais possível, enquanto gritava "o que vocês querem é isto!filhos da put*!...paneleiro*!...cabrões!...bois!" Um pouco depois novamente algumas palavras dirigidas ao juíz da partida, desta vez foi a mãe, "palhaço, palhaço,palhaço!", o filho demonstrando uma sensatez precoce e algum espírito crítico tão importante nestas idades, disse para a progenitora "mamã, uma vez chega".

Parece que alguém já tem os valores muito bem definidos, insultar sim, de forma gratuita sim, fazer a apologia da violência sim, sem imaginação não! A pensar assim parece destinado a grandes vôos este rapaz.

No final, o BENFICA que jogava contra uns tipos de branco, conterrâneos de D.Afonso Henriques, venceu mais uma vez, uma vitória fácil do GLORIOSO por expressivos 2-1.

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