segunda-feira, agosto 21, 2006

essa é que é essa

é sem dúvida dos ditados mais elucidativos que existem."essa é que é essa". é um ditado que não deixa grande espaço de manobra. essa é que é essa logo não pode ser mais nenhuma.

no entanto o que me traz aqui hoje é outra coisa.

favas.

pouca gente que conheço gosta de favas. há quem deteste, há quem odeie, há quem gosto de ver no prato dos outros, há quem não se importe de comer mas gostar gostar... é complicado.

a mim as favas lembram-me o dedo grande do pé e sempre que como favas ou vejo alguém comer favas penso nisso. vem-me sempre à ideia um dedão com a unha cortada rentinha rentinha. nunca consigo saber é se pertence ao pé esquerdo ou ao direito, mas que é um dedão, lá isso é.

por causa disso sempre que como favas, sinto-me um pouco mal comigo próprio, por achar que se calhar não deveria estar a fazer aquilo.

porque uma coisa é comer uma pessoa inteira, como por exemplo aqueles sobreviventes do desastre de avião que depois tiveram que comer os mortos (esperemos nós que foram mesmo só os mortos) outra coisa é comer pedaços dos mortos, tipo as orelhas.

por exemplo, vamos imaginar um cenário perfeitamente possível de acontecer.

as pessoas quando os vêem na rua provavelmente dirão:
Octogenária- coitado, lá vai o gonzalez cannibalez... coitado... sabes netinho (um jovem petiz de 4 ou 5 anos de idade) aquele senhor que ali vês, teve um dia de fazer o sacrifício supremo, uma coisa que só alguém muito desesperado e na luta com a própria morte teve de comer um ser humano, é verdade netinho, aquele senhor comeu o teu próprio avôzinho!
Netinho de 4, 5 anos no máximo- o quê avó???? (expressão de choque no rosto do menino) mas... quem faria uma coisa dessas????que homem é esse? um monstro?
O- não meu querido, não é um monstro, é um lutador, um sobrevivente, um herói!
N- ...sim... eu compreendo avó... era comer ou morrer. eu compreendo e respeito. por favor avózinha, deixe-me ir até ele e dar-lhe um abraço, aquele abraço que uma criança de 4, 5 anos no máximo como eu pode dar a um adulto, aquele abraço que significa "tudo bem", que significa "eu sei", aquele abraço que significa "eu perdoo-te".
O- vai lá, vai lá mas tem cuidado... e se vires que ele tem um frigideira na mão se calhar é melhor afastares-te.

agora imaginem um outro cenário, totalmente diferente mas também ele totalmente possível de acontecer mas desta vez os sobreviventes só tinham comido as orelhas.

Octogénaria- estás a ver netinho, lá vai o cabrão que comeu as orelhas ao teu avô!
Netinho de 4, 5 anos no máximo- fdx! mas que grande hijo da put*!

epá... eu... eu não gosto muito de favas

1 comentário:

fatacuida disse...

Eu também não gosto de favas... e agora já sei a razão do seu mau cheiro...